Xiaomi e Oppo podem abandonar o Android em breve

Xiaomi e Oppo na Encruzilhada: O Futuro dos Celulares Pode Ser sem Android, Seguindo os Passos da Huawei?

Rumores e movimentos estratégicos indicam que gigantes chinesas como Xiaomi e Oppo podem estar explorando um futuro onde seus smartphones não dependam mais do Android, ecoando a ousadia da Huawei com seu HarmonyOS.

O mercado de smartphones pode estar à beira de uma nova transformação. Após a Huawei ser forçada a trilhar seu próprio caminho com o HarmonyOS devido às sanções dos EUA, crescem os indícios de que outras gigantes chinesas, notavelmente a Xiaomi e a Oppo, estão considerando seriamente alternativas ao ecossistema Android dominado pelo Google. A motivação? Uma combinação de busca por maior autonomia, receios geopolíticos e a ambição de construir ecossistemas de software e hardware totalmente integrados.

Android x HarmonyOS

Xiaomi e o HyperOS: Um Passo Rumo à Independência?

A Xiaomi já deu um passo concreto nessa direção com o anúncio e lançamento do HyperOS. Embora atualmente o HyperOS seja construído sobre o Android Open Source Project (AOSP) e o kernel Linux, ele representa uma iniciativa ambiciosa para unificar todos os dispositivos da marca – de smartphones e wearables a carros e produtos de casa inteligente – sob uma única plataforma coesa.

O HyperOS visa otimizar o gerenciamento de recursos de hardware, aprimorar a conectividade entre dispositivos e integrar mais profundamente os recursos de inteligência artificial. Mais do que uma simples interface sobre o Android, como era o MIUI, o HyperOS é visto por muitos como a fundação para uma futura independência. Comentários na indústria, incluindo sugestões de executivos da Huawei, indicam que um caminho natural para o HyperOS seria remover gradualmente as dependências do Android, criando um sistema operacional verdadeiramente proprietário.

Paralelamente, a Xiaomi tem investido no desenvolvimento de seus próprios processadores, como o recém-anunciado chip Xring O1. Essa movimentação em direção à verticalização – controlando tanto o hardware quanto o software – é uma estratégia clássica para fortalecer um ecossistema e reduzir a dependência de terceiros.

Xiaomi 15s com processador próprio da Xiaomi

Oppo: Observando e Preparando o Terreno?

A situação da Oppo é um pouco menos explícita, mas a empresa certamente está atenta às movimentações do mercado e às estratégias de suas conterrâneas. Atualmente, a Oppo utiliza o ColorOS, uma interface personalizada sobre o Android, que tem evoluído com foco em design, usabilidade e otimizações de IA.

Embora não haja anúncios concretos de um sistema operacional totalmente novo e independente do Android por parte da Oppo, a empresa é frequentemente citada em relatórios da indústria como uma das fabricantes chinesas que exploram ativamente "planos B" para um cenário sem o Android do Google. A crescente tensão comercial entre EUA e China serve como um catalisador para que empresas como a Oppo considerem seriamente a autossuficiência em software.

Especula-se que, caso a conjuntura geopolítica exija, a Oppo poderia acelerar o desenvolvimento de uma plataforma própria ou até mesmo colaborar com outras fabricantes chinesas em uma alternativa unificada ao Android.

O Paradigma HarmonyOS da Huawei

A trajetória da Huawei com o HarmonyOS oferece um vislumbre do que pode estar por vir. Pressionada pelas sanções que a impediram de usar os Google Mobile Services (GMS), a Huawei não apenas desenvolveu o HarmonyOS como uma alternativa viável, mas também tem trabalhado ativamente para construir um ecossistema robusto em torno dele, com a AppGallery (sua loja de aplicativos) e os Huawei Mobile Services (HMS).

Inicialmente, o HarmonyOS mantinha compatibilidade com aplicativos Android para facilitar a transição. No entanto, as versões mais recentes, como o HarmonyOS NEXT, sinalizam uma ruptura mais definitiva, abandonando o código AOSP e focando em aplicativos nativos desenvolvidos especificamente para o HarmonyOS. Este movimento demonstra a seriedade da Huawei em criar um ecossistema verdadeiramente independente. O HarmonyOS já alcançou uma fatia de mercado significativa na China, superando o iOS em alguns trimestres, e está se expandindo para diversos tipos de dispositivos, incluindo carros.

HarmonyOS Huawei

Implicações para o Mercado e Usuários

A possível transição da Xiaomi e da Oppo para sistemas operacionais proprietários, ou pelo menos para versões do Android sem os serviços do Google para mercados fora da China, teria implicações profundas:

• Para os Usuários: Inicialmente, poderia haver desafios relacionados à disponibilidade de aplicativos populares, especialmente aqueles fortemente integrados aos serviços do Google. No entanto, a longo prazo, poderia surgir uma maior diversidade de experiências de software e ecossistemas mais otimizados para hardwares específicos.
• Para Desenvolvedores: A fragmentação do mercado de sistemas operacionais móveis exigiria que os desenvolvedores adaptassem seus aplicativos para múltiplas plataformas, aumentando custos e complexidade. Por outro lado, novas lojas de aplicativos e ecossistemas poderiam oferecer novas oportunidades de monetização e alcance.
• Para o Domínio do Android: A saída de grandes players como Xiaomi e Oppo do ecossistema pleno do Android, especialmente em mercados globais, poderia representar o maior desafio à hegemonia do sistema operacional do Google desde o seu surgimento.

Um Futuro Incerto, Mas com Ares de Mudança

Ainda é cedo para afirmar com certeza se e quando a Xiaomi e a Oppo abandonarão completamente o Android em escala global. O desenvolvimento de um sistema operacional competitivo e de um ecossistema de aplicativos vibrante é uma tarefa monumental que exige investimentos massivos e tempo.

No entanto, os sinais são claros: a busca por maior soberania tecnológica e a preparação para um cenário geopolítico incerto estão impulsionando as gigantes chinesas a considerarem seriamente um futuro onde o Android não seja a única opção. Para os consumidores e para a indústria de tecnologia, uma coisa é certa: os próximos anos prometem ser de grandes transformações e, possivelmente, o surgimento de uma nova ordem no universo mobile.

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